sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Zunido.

Deito-me a zunir. É o som que traz a insônia,
enquanto zurra o silêncio da cidade entorpecida:
"ZZZZZZ"
Zumbe, rezuna e ainda se apruma,
para não me deixar dormir:
"ZZZZZZ"

É a auditiva vida de zumbido zóico:

Zunindo e zunzunando desmedido zuruó
- zurde-zurrada-zureta -
com afincado zimbo de Zês zombeirões.

Zangarreia-zangarilho, zarpa zaranzando
zarabataneando o sono, o zêlo e as zeugmas
em som zueira de Zê zebrado...

Zazaneia essa zabumba zicada, e enzarelha
- zepelim-zigomorfo-zigue-zague-zão-zão -
zarro de zoísta zombaria.

Zoantropia pior que zoada de zodíaco e zinziar de cigarra tonta,
sempre zumbindo, em zarro.

Mas a cidade, que dorme zapeira,
se esquece até do alfabeto, e entoa,
em zuído zumbaieiro, zunido uníssono:
"ZZZZZZ"

2 comentários:

Carol Monique disse...

Pena que eu não fique para acompanhar tanta poesia urbana que não se cansa de zumbir...

sou a primeira que deita, que dorme e ultima que acorda. Só em dias de ansiedade tenho insônia, e inda assim meus pensamentos falam mais alto, até a doce fada do sono me embalar em seus entorpecentes braços...

Monique, primavera de 2008

rafaj disse...

É uma pena eu não conseguir me embalar em braços de sono nenhum! Que inveja...

Esse poema surgiu menos da cidade do que de mim, eu apenas externalizei - para poder pôr a culpa em alguém, sabe?!:
Foi inspirada por aquele zumbido - apito - que fica no ouvido quando se deita pra dormir sabe? Irritante... Se você não sabe, agradeça, pois eu desejo muito que você não fique com o ouvido apitando na hora de dormir te tirando o sono. O poema dá pra dar uma idéia...