segunda-feira, 2 de junho de 2008

Desse canto.

Busca...

Eterna correria atrás de um pouco de paz!

Enquanto brincam de dividir o mundo
sob fronteiras, sob leis específicas a tudo o que cabe,
eu tenho que produzir...
Mas sou produzido.

Tal como um produto da máquina de moldar gente.

Apenas quando consigo, por tempo
- que nos falta -
ou por vontade
- quando se sente livre para isso -
me reproduzo no meu ínfimo caderno de papel reciclado.
(porque ecologia está na moda).

Me sinto no extremo.
No canto extremo do mundo,
isolado pela cartografia e largado por aí,
destinado a mim e a gente como eu,
que somos tão diferentes de outros humanos.
- mudamos o nosso ideal de normalidade...

Talvez eu seja humano demais.
Talvez eu seja um tanto desumano.
Talvez eu viva num mundo de loucos
- cada um diferente do outro.

Frenéticos de cabeça baixa,
quando passam por você, alienados
nem percebem.
Pois é tudo sempre passagem.
É tudo passageiro.
- somos todos...

Parte de um processo inacabável
Onde todos - inabaláveis - realizam sua função.

Função. Palavra mais funcional...
- e no fundo não funciona nada.

Esqueço-me do sentido.

Entre sentidos e sentidas,
mas muito sentido mesmo,
equilibro-me na corda bamba.

A roupa centrifuga-se na máquina;
Máquinas que lavam os homens,
Homens que nascem nus,
Nascem nus e vivem engarrafados.

Meninos e Meninas,
Brincam de amarelinha,
E pulam corda nas ruas.

Ah, mas eu me pergunto...
Será que se lembrarão disso no futuro?
- eles nem pensam sobre o futuro.
Será que serão sempre donos das mãos divertidas que batem a corda?

Assim eu fico:
A olhar e olhar o album de fotografias,
fotos de uma eterna nostalgia...
Uma velha partida de futebol;
Uma poltrona velha em que se afunda nas vagas sombras da memória;
Um avô, um herói, um colo. Um sorriso...
Sempre um sorriso.

Olho sentado o eterno sentido
nunca antes tão bem sentido
desse poema sem sentido.

Perdido em saudade, deitado sobre lembranças, escondido por entre tristezas...

Mas que pra mim faz todo o sentido.