sexta-feira, 31 de julho de 2009

Chamamento.

A vida falta de rumo a nossa distância
distancia as palavras de mim
como se cada viesse de um planeta
deserto, marcianos, uma outra linguagem inteira
nosso amor em braille, nosso amor em terra
aqui nesse inferno perdido que deus esqueceu
sombra tateadora de um futuro incerto
mas tão certo é um futuro juntos
como eu quero como eu quero
sentir faltar palavras no nosso próprio planeta
e criar a nossa própria linhagem de seres humanos
desumanizados, criados para o prazer
para sermos sem nome bicho de nós mesmos
e te devorar devorar devorar
despudoradamente com um fio de suor e lágrimas
de um riso eterno que não pára nunca
como uma luz que demora muito a chegar.
Faísca combustível de um tato inexistente,
distância saudade comburente
desfaz e faz sempre, como hoje
a seca dos mares para por entre as chuvas e as ondas
eu rolando as dunas como o vento
venha você com a leveza das nuvens
como um raio clarear toda a escureza dos meus dias.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Chuva e poesia - II

Nado no céu molhado pelos olhares das gaivotas que se perdem no oceano.
Nado na água nada como satisfação
Suave e calma como a própria calma
Branda e casta como o abraço.

Dia de chuva e de colher,
da cama bagunçada como um último dia de feriado pró-longado.
Dia de palavras ditas sem pensar como um sentido.

A casa meio escura me absorve numa mansidade
e eu vou afundado, afundando, afundando...

Chuva e poesia - I

Chove a fantasia junto com o vidro da janela que é líquido também
Escorre inspiração pelos cantos dos guarda-chuvas, que é tudo inexplicação
Que é só um canto de guarda-chuva e é também abrigo para a pele da mulher bem arrumada.
A chuva é companheira da saudade, saudade até do que não tem.
Corre a umidade como um sono percorrendo meu corpo
Que enlaça pontas perdidas de mim mesmo.
Incentiva a brincadeira de uma mente incendiária
E poetiza a vida como uma serenidade.

A fantasia em cima da mesa.