segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Noite de inverno.

As palavras se estratificam como nuvens num céu de lua cheia,
conglomerando gotículas de concepções e significados
na tela da mente que desmente idéias dementes,
deveramente simétricas à cadência de estrelas e pedidos.

Nesse céu cambeiam tons e tons noturnos
de azul-escuro-filosófico e azul-claro-meditativo
de sutil gradação, pincelados em aquarela desbotada
da sobretela de vapor d'água, justaposto ao imprevisto cenário:

A Lua, inteira e maciça, de inquietas formas a se diversar,
delineia silhueta zefíria, onde não se sabe seu verdadeiro alcance,
e conversa com a noite, em arcano namoro. De lenta e vaga
não deixa claro seus reais escopos, e permanece aprazível,
sempre bela, esperando cortejo, e seu devido prestígio.

As estrelas condizem: à seu chamego, fazem extravagante declaro,
nascem e renascem, discutem e batalham, pelejam e se ofendem
todas de suas devidas distâncias, de modo que quando elogio atinge destino,
por gênero de excêntrico acaso, passaram a vida inteira acreditando amor incorrespondido, pois que já inexistem.

Embaixo, sorrateira, dorme a inquieta cidade, apreensiva numa noite de sono,
intrigantemente desapressada, harmoniza-se em cardinale conjunto,
de aprazível concerto:
Van Gogh deslumbra uma noite de inverno em pleno verão arrebatado.

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