quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Por culpa de quien?

Alguns anos de solidão,
algumas vezes, assolam a vida
e alheia à duas vontades e meia,
pressente o presente de una soledad.

Um saudoso poeta poliglota,
something in english, he wrote,
Qu'est-ce que en français?

Je ne sais pa de rien
Or is there something left in my mind?
Por quantas sabe, se sabe, a quantas vão?
Alguma métrica bloqueando a visão?
Yo no sé quien ha sido.

Livreto em forma turística,
fast cours de français,
Porque yo no hablo español...

Qual será, enfim, o futuro filosófico da nação?
Algum tema de tour Eiffel, europeic bullshit
deixada sorrateiramente sob os chicotes da escravidão?
quien mucho, quien poco, todos contribuyeron...
Who's guilty?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Livros

Vamos compor alguma coisa?
Eu perguntei pra ela.
Mas ela só mecheu a cabeça e abanou o rabo.
Coisa estranha telepática ourivesaria
é o rebanho de cachorros do meu pensamento vizinho.
Como um saco de dormir, saco de palavras, saco de trovador.

Que saco só latir. Tentar em vão me comunicar.
Mais fácil me trancar num escritório meu mundo,
cheio de navios e barcos a boiar, antes que a enchente me venha valer.
Genealógica árvore de pensamentos, por trás dos meus óculos escuros,
em uma tarde que não se tem muito o que pensar.

São os livros que ando lendo. Mechem a cuca e remexem,
em refinado desconcerto. Me penetram na vida,
reviram a morte, criam versos com molas.
E me fazem até falar com cachorros.

Chuva das seis (Para um Fórum Social Mundial em Belém do Pará)

E chovia, bando de escritores
de um dadaísmo obscuro, e um misticismo irreverente
chovia estrelas mil,
em noites de bêbados equilibristas
em solo e céu do Brasil.

Chovia um pesadelo de possibilidades
em um minuto de solidão.
Sofria calado uma personagem assassinada
por um pingo de escrita
em acentuada inquietação.

Rola madrugada abaixo,
um bueiro destruído por uma tempestade política
estupro no banheiro de palafita,
preservativo destituído de uso
e um bebedouro para trinta mil pessoas quebradas
onde ainda se cria na vida.