segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Domingo

Três mulheres dançam na sombra. Paira a fumaça de um olhar,
neste dia Domingo, tão pacato
tão calmo, calmo, calminho, carinho...
Ninguém anda com pressa, ninguém anda,
ninguém tem pressa
Pressa, pressa
Pressa
Pressa
Presa
.
.
.

A Pressa é uma linha rápida vocálica que atravessa verticalmente o poema

Alguém passa correndo através da tarde vazia e calma
- fumaças e nuvens compõem o céu -
O céu passa devagar,
Empurrado por ventos invisíveis,
desenhando com água e gelo,
diz o rítmo do pensar, do passar, e o pensamento conversa... versa?

O Domingo se transforma em pássaro que canta voa e pia
Pia tal o menino que passa correndo
Mas não estraga o poema
Ele é o poema quando grita
Ele está o poema
quando canta pia rodopia
E dança
E canta
E torna rodopia
E me arrepia, cada vez mais rasante, descendo, como uma queda, nas linhas do poema.

Enquanto na terra as formigas
somente elas
movimentam a monotonia do Domingo.

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