sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Chuva de vidro

Um calor tão humano de errar
produzir estar deixar cuidar do que é seu
guardar como um reino marginal
fora de si e de tudo
sobre os telhados tão céu
abuelita, boca de bueiro, buraco negro
entrada incipiente de mar
osalardendopeleadentro
um recipiente hermético
fechado coração, cerrado
um balanço de mar balanço
de rede enquanto te expõem as veias
no mar aberto sobre as ruínas
do que não é sertão
nadando contra a profecia
rompendo os tendões da poesia
sob um choro tão ralo de uma tristeza profunda
quanto a chuva rala
com o ar enquanto desce fina-cortante
como choro de vidro
atravessado a gritos e palavras
decifradas com a raiva
sem razão noção perdão
um poema inteiro retirado
do saco de um lixo contagioso
de uma sala de sutura
onde se costuram emoções.

Um comentário:

Mayra Donini disse...

Belo e cortante!

Ps: Quero ler os outros que por alguma motivo esconde em seus rascunhos.