sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Do fundo do meu polegar opositor.

Seria como sacanagem
vamos ousar, vamos lutar brigar
vamos beber
conceder loucuras
vamos saltar pela porta de vidro
abrir o corpo para a liberdade
vamos fazer um pacto com o diabo
que já vivemos em antecedência
vamos fazer a literatura subversiva ao nosso extremo esquerdo
e extremo direito lado absurdo
produzir sem leis, errar, beber, sei lá
como já nem sei escrever.

Faço o cérebro pensar mais devagar
para acompanhar o movimento de um só braço rompido
nos tempos de crise que crescemos tanto
nossa dor tão eunuca
castrada em osso no osso pelo osso
ao fundo regaço do osso anestesiado
gago de raiva e chorando bestialidades.

Somos tão animais...
somos tão animais em forma do mundo
em busca do mundo
tão triviais...
invisíveis previsíveis
indecentes... submissos
ao tão cru intelecto
dominados pelo polegar opositor
nosso verdadeiro fator evolutivo.

Os tempos não mudam
a história cíclica.
o poema catarse
revolta depurada
em forma de remédio
como droga da tristeza
uma sala de soro de 80 anos

O tempo preso dentro de uma ampulheta
e fora dele o verso livre voraz.