quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aos nossos moldes.

Já briguei nesta rua
com alguém, não sei
minha alma? truculenta
um passante um mendigo
- por aceitar mais facilmente que eu: ser -
uma raposa que corria por entre os galhos
da árvore do cemitério
com a árvore e com o cemitério
e com os fantasmas assombrados
que rondam mundo afora sem realmente achar saída - que desespero!

Já brigamos nessa rua,
todos nós, humanidade! inculta, oculta, difusa
diariamente confusa na sua própria negação
à mim, humanidade, pouco me importa
que passo tal passarinho
tanto com passos curtos ou longos
nem sei mais, mas já brigamos
e ainda brigam, as pessoas de lá,
como se fossem se salvar algum dia
de serem também eles roídos pela aceitação da verdade - como é difícil!
(Ingênuos! alegremente ingênuos são
os pássaros da minha janela que não brigam
nem nunca brigarão - a não ser por amor
que por este vale a morte de um enleio: o canto)

Receio pois que um dia paremos de brigar
tão confusos, tão perdidos na nossa ignorância
já briguei, já brigamos,
como a morte da mocidade perdida
no vazio concreto e abstrato - da nossa ignorância, breve mas feliz...
dos nossos moldes, como uma imposição
desde o berço pertencer, subjulgar a nossa verdadeira felicidade
a fim de pertencer! como sacrificar uma loucura
para pertencer - e talvez a loucura fosse a mais saudável das verdades
indolor pura infinitamente liberdade. Liberdade!

Para quê enfim, pertencer?
Talvez para brigar? - só brigam os que pertencem
E para quê brigar se nem sabemos da nossa própria (in)felicidade
como um destino comum enquadrar-se numa refletiva
inflexiva paraplérgica invessa disléptica - absurdo!

Para quê falar de mim, se tudo e todos ao meu entorno serão sempre entorno?
Entorno! Que te interessa a minha alma truculenta? e minha abnegada poesia
que não satisfaz? Por que evitas o amor? Por quê? Por que respiras? tu que vives tão mal em meio ao tiroteio eterno - interno - que é este viver de gente...

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