A madrugada me despedaça
numa noite sem sono
sem sem sem sem sem
fundo da vida
rumores do vaticano
do inferno sem despedida
o planeta terra fora de sua própria órbita.
Arbitrário da saudade
o sofrimento é sempre uma escolha
- a dor não o sofrimento sim -
e me espedaço sobre o lenço de papel molhado
entro e me escondo na gaveta
dos meus próprios pensamentos
devasso! É uma devastação do equilíbrio
como o próprio sofrimento devastado
explorado no seu ínfimo colar de cólera
coibido de pensar de outra forma
o impedimento de se pensar
sem o mistério da madrugada.
Versos esfacelados, acéfalos
como a massa endoidecida, tresvairada
humanidade, grita louca dentro de mim
produz arte produz arte em frangalhos
como lágrimas de um sol vermelho vermelho
como o ultra-lilás e a outra ultra-cor
qualquer que seja o verso, sempre a sua ruína
sempre a sua dor é o que transparece
alumia como um cadeeiro imaginário
a sombra da sombra no quarto da madrugada.
Enquanto isso correm nus
todos os outros animais
cantando o prazer
que é a natureza
sem complicações
da vida
que é não ser humano.
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