quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pesadelo.

Daqui de cima tudo parece ironicamente mais claro.
O alto. O fim das papilas que são dor.
A droga que extasia o tempo nessa noite fria.
Mergulhado com os olhos numa meia-lua que dá as costas ao mundo.

A voz sonolenta do telefone não acolhe.
As janelas esparsadamente acesas dos apartamentos da cidade
riem debochosamente da uma aflição.
Sádica, a luminosidade de um deus que não existe.

Inclino-me prontamente para o mal da madrugada.
Uma brecha entre a anestesia do cômodo e a dificuldade de ação.
Sensação de vida morta!

Esse é o primeiro sonho consciente
de uma enxurrada, que atravessa desbancando por onde passa,
casas e morros e palavras inteiras.
Vai sujando todos os caminhos
com o rastro das minhas mãos sujas de sangue.

Desço o telhado para o desfecho da noite,
Deslumbro a lua, o céu, a dor,
Grito sozinho na cidade desmaiada em desvario.
Mas não consigo acordar.

Nenhum comentário: