domingo, 12 de outubro de 2008

Madrugada.

Dado o poema como um bloco de mármore a ser esculpido.
O poeta usa a língua como sua ferramenta.

Num canto solto moderado
reflexivo compulsório da realidade moral.
É a verdade que o assusta. É o pensar o falar o resentir.
É o resignificado da coisa.
Seu céu é um espelho
e o poema o além.

O fundo verde emparedado que o cerca
porta-berimbau, pau, porta-chocalho
sacode o mundo chão, tapete torcido pelo passo
apressado, embriagado de incenso e perfume e saudade.

Potência em watt do mundo falando ao mesmo tempo
não o esquecerão, quando tudo for mais belo.
Uma simples estante suporta um breve conhecimento de todas as coisas.
Leciona maldade e alegria, alienado.

Já se foi o tempo dos sinais, é madrugada.
Volta no centro da cidade vazio musicada por Tchembo
num mundo de fragmentados desencantos.

Os pingos da chuva suavisam a densa madrugada
e encobrem suas fantasiosas quimeras fugidas
que continuam pensando os eternos filósofos que ninguém nunca vai ouvir falar.

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