sábado, 3 de abril de 2010

sobre o erro da história

Começa a noite como um degelo nu e lúdico, quase impuro como a lua cheia coberta de nuvens que se arrastam sutis, como a silhueta de uma sombra do fim de março, confuso outono brasileiro, confusos dias brasileiros, confuso povo brasileiro.
- que sea otro, otro sexo, otra vida, otras personas, que no seas nadie o una minuscula fagulha de todas las cosas que volvense polvo durante esa y otras existencias. Os astros e os signos assinalam a voz de um imperador passado ou de um motociclista que foi atropelado hoje na minha frente e eu segui como se nada tivesse acontecido enquanto mexiam nele e no pescoço dele, como duas identidades que se cruzam inevitavelmente no espaço-tempo da cultura onde o progresso é mera idealização da mente moderna. Enquanto eu mijava no mar e andava de ônibus e falava palavrões por ter topado com o pé no chão e as pessoas faziam coisas inesperadas e eu conheci uma bailarina de um programa de tv antigo e mijava no ônibus e caia no mar e namorava e amava e aguardava o mundo se tornar a merda que se aproxima nós ríamos da dança contemporânea e ríamos do nosso tempo até sermos quase expulsos do teatro, como foi bom, ríamos do constrangimento e do riso e do balé e da falta de música e rítmo e circunstância daquilo, ríamos por sermos felizes e por poder rir de tudo que é realidade de certa forma na insignificância da cidade. < Il a fait des rondes avec de cigarette et il a alumée tout la poèsie que ronde la vie et les mots de une phrase sans sens. Sans sens il a fait de rondes avec de fumée >
Uma nuvem bêbada - boracha - que passa sutil pela noite, distante e analítica, como terapêutica, longe de harmoniosa, distante, bêbada, reprimindo o desenvolver sensual das conversas de roda no fim da madrugada. Seria uma fogueira cintilante como uma prenda dos quatro elementos reunidos num só que sobrevive lento, como uma dança anarquista pairando sobre os cabelos das mulheres incendeia toda lua toda terra toda filosofia conceitual do corpo e dos quatro espíritos, toda fumaça que espairece, toda comida que sobra e tanto falta. Sou um homem que vende água do rio mais perto no trânsito para sustentar minha família, não tenho tempo de sentir culpa. A culpa selvagem de uma coletividade anônima, não indentitária, não hereditária que morreu na história.
O ser-humano poderia ter dado certo, algum dia, mas o seu e o meu caminho se perderam na imensa solidão do infinito.

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