sábado, 3 de abril de 2010

Meu ser e o seu

Queria estar por dentro do riso que a faz riscar as paredes e acender fogueiras com pedras ancestrais, dentro do sorriso macio que me desce a garganta como lubrifico, que massageia o resto todo do meu corpo ancestral, da idade da pedra, do fogo, do ar... Queria ser muitas personalidades em uma pra fazê-la sentir todos os sentidos de uma vez e rolar sobre o pavio de pólvora do cotidiano para senti-la esquecer que o mundo gira a mais de mil quilômetros por hora e que dependemos de poucos graus de inclinação no eixo da terra para existirmos, que além do nosso biológico existe um corpo que cicatriza feridas invisíveis e uma cultura de faca cega e fé amolada. Somos nós e a nossa conjuntura. O humano além mito. Queria ser a animização do seu dia a dia, como um totem politeísta da sua consagrada consciência coletiva, concreta e existencial, tanto sartre pra sua rotina, na fenomenologia da sua retina, um quadro feito de pincel e sopro. Ser os filmes argentinos que a fazem chorar. Quero arrancar todos as tomadas da minha casa e fazê-las de cartão de visitas coloridos e inesquecíveis, de experiência sublime. Quero balançar com você nos ônibus como neruda no seu mar de cimento e gesso. Quero aumentar a quantidade dos cílios para jogarmos absolutamente e pedir sempre que me ame te sacie me mergulhe te acalme me deseje te rebele. Quero a contestação em pessoa para criar sempre as realidades que preciso para fugir de mim de nós e de todos.

Um comentário:

Mayra Donini disse...

Lograste lo de las películas argentinas, pero con mucho mas amor! Só tenho lágrimas e um sorriso inapagavel do rosto como comentário. E o sentimento de todos os cílios já caidos como resposta!