segunda-feira, 26 de abril de 2010

mar e sonhos

ainda que mal
poetar a dor da madrugada
em versos tênues e sombreados
pelas palavras da minha própria dor

sinto que choro que sonho
que sonho que choro que
a lágrima do rosto que desce que
rola que sonha que rola
tanto rola que tá-que-não-tá
nas árvores e andorinhas da praia sem fim

antiga floresta de espaços vazios
hoje lenha, ainda fogueira, sendo cinzas
e cinzas só, que não são tão cinzas porque
ainda há de ser cor outra que não tão na
memória alarde, arde em brisa morna
do sol gelado sobre as marolas do mar
inusitado, visito suas sombras mais densas mais
fundas como um espírito único, dos quatro ventos
que te afagam as cristas como cabelos profundos
cabelos que envolvem toda a terra fora cinza
fora cores que tão vida como a vida
vivida e desvivida eternamente na imensidão
das infinitudes paralelas renascenças e retornos
repletos de outros dos outros que se perdem
nos buracos negros antigos do mar

o mar perde-se em sonhos que sonham
lágrimas e só

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