quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Antigos sonhos de um antigo caderno I

Alguns problemas por falta de identificação com a matéria.

Falta o barulho da máquina de escrever
para embalar os sonhos deste poema
caíamos nós no embalo da rede,
amparada em tradicionalíssimos
festivais de celebração
da futilidade humana...

Embora roubamos robalos
é para matar a fome.
Sentimo-nos traídos
pela
própria
carne

O caderno grita suas decepções mas ninguém o ouve!
na rua lotada
cheirando a álcool e meu vômito
somos traduzidos num mingau de erros
na elaboração concreta de uma arma
mais eficaz contra nossos próprios defeitos

A poesia é meu abrigo
onde me refugio de mim mesmo e
de todas as possibilidades de me perder
da minha própria humanidade

quem se importa quem sou
Ninguém se importa com alguém
e quem remói a sua própria frustração
?

A tinta me surpreende por sua fração
A língua pela aliteração
literalmente
estamos nos perdendo de ti, Caeiro

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