quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Já estamos num tempo tão novo, tão inacessível, quase distante do próprio tempo, que se devora vorazmente, invariavelmente...
Os minutos blues « Meet me in the botton when we both are there » desvairados, a angústia da espera, sempre espera, esperando-esperando, enquanto o tempo se devora sem chegar a tocar-nos. E a vida se desenha como um Pollock. E a vida se concretiza aleatória, as idas, os amigos, a arte, o sexo, o álcool todo o álcool que não bebemos, toda a música que nunca escutaremos.
« o bandido que sabia latim, escondemo-nos em baixo de seu bigode em busca da sua poesia... »
Escrever sem nunca ser lido, a opinião indestrutível do caos, a irrucusável maneira de se expressar ante a matéria ontológica da poesia e dos romances. Quem diria que me tornaria metafísico antes dos 40 anos...
E me é possível escrever sem o uso do papel e da caneta, sem o barulho insône das máquinas de escrever, sem que o próprio escrever exista. O café foi, negro e quente,  nada além e sem intenção nenhuma foi o buraco-negro do dia, mergulhado numa xícara branca que já não há, com pequenas rachaduras que desfazem a integridade do seu corpo e se transformam ásperas num esconderijo do tempo, flutua mas pesa cada vez mais conforme se esvazia, e faz-nos meditar sobre todo o significado da arte e do ato, sobrepondo-se à sua efemeridade uma existência ainda mais distante, se refaz em receita básica para o cotidiano insignificante de um inseto ou de um simples ramo de grama. O sujo café brasileiro, detenho-me pensando se não deveríamos criar  movimentos sociais só para melhorar a qualidade do nosso café « oro negro, estraño burgués » But the English will build you bridges and trains and happiness.
Qual o sentido de páginas e páginas paridas sem finalidade? A que devem os homens para suportarem um café tão ruim vivendo no país que o produz? A que vale a arte pendurada sobre minha cabeça forrando o teto as paredes o chão se ninguém é transformado sequer sentem-na sequer olham-na? Como seriam meus personagens se o acaso viesse a dá-los vida?

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