terça-feira, 31 de março de 2009

Eu, improviso.

A língua presa prende
o trapo sempre preso
requebranto pranto.
Prato quebrado em seu adro.
Quadro preto rebaixado
a edro, coisa de pedro,
preto pedreiro,
branco lixeiro,
preto riquinho,
branco pobrão.
Coisa desigual e não.
Assim senão,
não coisa de cor
mas de gente, que é minha
minha gente, que se esquece
que gente é gente,
e que outra gente é sempre
gente como a gente.
É que não param,
meio a muvuca alienante,
e nem pensam,
entre o barulho alucinante
de civilização.
Poesia em cria,
procria em versos.
Da cama ao luar,
do luar à cidade,
da cidade ao grotesco,
do grotesco ao vento,
do vento ao caos,
do caos ao ventre,
de alguma dessas gente
que já não se lembra
do que é ser gente.
até que o rebento
largado, rumo,
seco ao relento,
abranja enfim,
pouco a pouco,
e toque, com um dedo rouco
o borburinho da calamidade
que reside em cada canto
da nossa inflamada e avançada
e já não tão humana
soterrada sociedade.

2 comentários:

Mayra disse...

No ponto. Adorei!

Judô e Poesia disse...

Apreciei o poema e o blog. Abraços. Domingos.